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José Victor Almeida dos Santos

Pandemia dificulta mas não enfraquece mobilização estudantil.

Updated: Sep 14, 2021

Conversamos com lideranças do movimento estudantil em Juiz de Fora sobre as consequências do isolamento social e paralisação das aulas presenciais sob o movimento estudantil.

Estudantes manifestantes concentrados na Praça Cívica da UFJF.



Por conta da pandemia, desde meados de março a grande maioria dos alunos das universidades federais não frequentam aulas presencialmente em seus campus. Salvo alguns alunos de certas áreas que gradualmente retornam às aulas presenciais, a maioria dos alunos estão assistindo aulas apenas via plataformas online durante esse período de ERE, Ensino Remoto Emergencial.


Em meio a pandemia mundial, o Brasil sofre com inúmeras crises, além da sanitária, vivendo a maior crise político-econômica da história. Essa situação reflete em alguns pilares sociais como saúde, emprego, segurança e educação. A vulnerabilidade desses setores gera descontentamento de parcela da sociedade, inclusive de estudantes.


Os movimentos estudantis, que são as articulações políticas de membros das comunidades acadêmicas, são historicamente responsáveis pela organização e proliferação de manifestações que questionam o governo em escala nacional. Por exemplo, as manifestações contra os cortes de verba para a educação pública promovido pelo ex-Ministro da Educação Abraham Weintraub em 2019 teve nos movimentos estudantis sua origem e proliferação.


Alguns direitos civis foram conquistados justamente por conta de movimentos começados por estudantes, como o direito ao voto aos 16 anos de idade e as cotas para negros, estudantes de escolas públicas e pessoas com baixas rendas nas universidades federais.


Para fazer essas manifestações acontecerem em uma escala capaz de causar impacto e verdadeiras mudanças na sociedade, precisa-se de adesão dos estudantes. Isso vira um problema uma vez que agora, em tempos de pandemia, os estudantes não estão mais reunidos fisicamente em um ambiente, o que dificulta o contato e a mobilização desses indivíduos pela causa.


Maria Edna, membro da diretoria executiva do DCE, Diretório Central dos Estudantes, e uma das diretoras da UJS-Juiz de Fora, diz que, em um momento como o atual vivido, as redes sociais são de importância crucial visto que reuniões para deliberação de atos, sejam eles online ou presenciais, ocorrem por meio dessas plataformas.


“É importante que mesmo em um momento tão delicado, continuemos em contato constante, uma vez que o país se encontra em uma situação delicada, que envolve tanto a educação quanto os demais setores. Por isso, a grande imporância das redes sociais”, afirma Maria Edna.


As eleições para o DCE e para as grandes instâncias do movimento estudantil, como UNE (União Nacional dos Estudantes), que ocorrem anualmente foram suspensas durante a pandemia, bem como os eventos nacionais, como o CONUNE (Congresso Nacional da UNE). Esses são uns dos principais momentos de articulação e alinhamento político dos movimentos, sem eles todas as deliberações vem sendo feitas de forma remota trazendo um pouco mais de dificuldade na atuação dos militantes.


Karol Ferraz, coordenadora do Diretório Acadêmico Vladimir Herzog (FACOM), pontua que: “Sem a possibilidade do presencial, torna-se inviável a realização de eleições para as diretorias das principais organizações do movimento estudantil. Além da sobrecarga que isso traz aos atuais membros, também há o desconforto da oposição no meio estudantil. Apesar disso, dentro do que é possível as juventudes políticas vêm se moldando para não deixar que o movimento fique defasado".


Karol ainda diz que as eleições não estão sendo realizadas pois de forma online não há como garantir um processo eleitoral transparente e seguro.


Maria Edna ressalta que mesmo em um cenário tão caótico é importante que a população mantenha seu apoio ao movimento participando das manifestações presenciais seguindo os protocolos de segurança e dos multirões online, que são os engajamentos da comunidade para participações em votações de petições e no processo de impulsionar hashtags e temas importantes nas redes sociais.


As lideranças ainda acreditam que a pandemia não enfraqueceu o movimento estudantil. "Quem já era engajado continuou engajado, inclusive novas pessoas 'entraram' para a militância. Mas, obviamente, por conta da diminuição das atividades prensenciais, essa participação teve que se dar por outros meios, como, por exemplo, em lives tanto de contéudo cultaral quanto educativo", atesta Karol Ferraz.


O fator online facilitou o acesso das pessoas em diferentes localidades aos conteúdos das organizações e acarretou em evolução. Devido a essa "nova demanda" de uma boa presença digital, as redes sociais dos movimentos estudantis foram aprimoradas. O Instagram do Diretório Acadêmico Vladimir Herzog (FACOM) ultrapassou a marca de mil seguidores durante o período pandêmico. Segundo os próprios membros do Diretório, a qualidade das postagens notavelmente aumentou. Isso aconteceu pois, uma vez que a importância dessas postagens para a cativação do corpo dicente também aumentou, há uma maior necessidade de que haja produção de conteúdos em alto nível. Assim, os responsáveis pela criação desses conteúdos tiveram que se especializar ainda mais em áreas como design gráfico e marketing.


Espera-se que, com a progressão da vacianação da população e o retorno das atividades presenciais, a atuação do movimento estudantil volte a sua normalidade e plenitude.

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