Como iniciativas de inclusão social possibilitam o acesso à cultura por pessoas de baixa renda
Mesmo que reconhecido por sua miscigenação e vasta diversidade cultural e produção artística, O Brasil ainda olha a cultura como dispensável, e não necessário a todos, em outras palavras, existe um descompasso entre a oferta dos produtos artísticos e o seu acesso. Um dos maiores impasses enfrentados pelos brasileiros no acesso à cultura é a distribuição desigual do patrimônio artístico.
A desigualdade cultural está presente tanto na falta de acesso à produção e educação cultural, quanto pela falta de público. Em cidades do interior, por exemplo, alternativas de integração e políticas públicas vêm sendo debatidas para conseguir atingir a uma população de baixa renda, para que dessa forma, possam ter acesso às atividades que inicialmente são possíveis somente a um reduzido número de pessoas.
Em Muriaé, interior da zona da mata mineira, um Plano Municipal de Cultura foi criado em 2010 especialmente para atender uma demanda que há tempos vinha crescendo: a procura pelos projetos culturais disponibilizados pela Fundação de Cultura e Artes de Muriaé (FUNDARTE), Gilca Napier, 55, Diretora Geral da Fundarte, explica: “Tudo começou quando percebemos uma grande procura pelas nossas aulas de canto, instrumentos e teatro. A partir dali, percebemos a importância de manter um valor acessível que possibilitasse a inserção dessas pessoas no meio artístico e cultural da cidade.”
Crédito: Fundarte
A entidade que tem como objetivo desenvolver a política de Cultura, Turismo e Juventude do município,possui sob sua tutela vários projetos, como a Escola Municipal de Teatro Gregório Matos Guerra, onde Romário Morais, 28, faz parte há 7 anos. “Eu fui conhecer a escola de teatro graças a uma amiga que me levou em uma peça. Na época, poucas pessoas participavam, e eles abriram vagas para novos alunos. Não me arrependo! Desde o início pago um preço simbólico apenas para manter a manutenção do espaço onde realizamos os ensaios. Fico muito feliz em saber que, assim como eu, muitas pessoas têm a oportunidade de ter acesso ao teatro, música e artes, por um preço que não pesa mensalmente.”
Crédito: Romário Morais
Além dos projetos, a prefeitura através da Fundarte disponibilizou esse ano o Edital do Fundo Municipal de Cultura. “O edital foi pensado assim que a pandemia se iniciou, e colocamos em prática em Junho de 2021. A ideia é continuar fomentando as diversas formas e expressões e manifestações artístico-culturais de Muriaé”, explica Gilca. “Nós temos plena consciência das dificuldades enfrentadas por conta da COVID, por isso, essa foi uma forma de mantermos os artistas, coletivos e produtores culturais ativos, mesmo que nesse momento delicado.” completa a diretora geral.
A Escola Municipal de Música Leonel Vargas é a que concentra o maior número de alunos dentre os projetos. São atualmente 50 alunos, e as idades variam de 8 e 60 anos. Nela funcionam as aulas de violão, flauta, teclado e canto, além de outros instrumentos. “Nós recebemos mais de 100 solicitações de inscrição, mas o espaço, os horários e a equipe não conseguem atender essa demanda. Para os menores de idade, entramos em contato com os pais e explicamos o funcionamento das aulas e os horários, e caso não entrem em contato para a matrícula, disponibilizamos a vaga para outra pessoa.” explica Gilca Napier. As aulas normalmente têm início em fevereiro, devido à pandemia no novo coronavírus, elas foram suspensas desde abril de 2020, mas estão sendo retomadas aos poucos, acompanhando as perspectivas da vacinação no país e na cidade.
“A Fundarte é o ambiente das artes. Estamos presentes em todos os eventos da cidade, tentando sempre promover a educação cultural, e mostrar a relevância da cultura na educação infantil, e como forma de inclusão social. Por isso acredito que projetos como esses, e ações culturais são extremamente importantes para democratizar a cultura na cidade”, finaliza Gilca.
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