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Letícia Damasceno

Crescimento do mercado de brechós na pandemia

Por Letícia Damasceno



Foto: Rata de Brechó


A opinião dos consumidores sobre os brechós vem mudando ao longo dos anos. As peças que ficaram guardadas agora estão ocupando as prateleiras dos brechós, estabelecimentos que eram considerados anteriormente lugares “overs” ou ultrapassados e agora estão adquirindo um status “cool”. A consultoria internacional Boston Consulting Group realizou uma pesquisa para a plataforma Vestiare Collective,em novembro de 2020, concluindo que a venda de peças usadas de luxo representa 2% da receita total do segmento, e chega a movimentar entre US$ 30 bilhões e US$ 40 bilhões por ano. A pesquisa também apontou um crescimento estimado entre 15% e 20% no ramo para os próximos 5 anos.


Uma das motivações para esse crescimento está relacionado ao consumo consciente. Esse tipo de consumo propõe uma reflexão na hora de adquirir um produto. Para Juliana Macário, especialista em economia solidária, criou-se uma nova onda de preocupação com o meio ambiente, numa visão mais sustentável de consumo. Produzir menos lixo, conhecer o processo de fabricação de determinado produto e os impactos que causam ao longo de toda sua existência são atitudes do consumo consciente. O consumidor, quando adquire uma peça em um brechó, reutiliza um item, evitando o descarte daquela peça que ainda pode ser utilizada.


“O consumidor consciente mantém no guarda-roupa somente aquilo que realmente usa. As que não usa podem ser doadas ou disponibilizadas para vendas em brechós, que é uma alternativa para quem precisa de dinheiro e também acumula roupas em desuso. Ao comprar uma peça nova é preciso se questionar antes se aquilo é realmente necessário. O consumo desenfreado gera acumulação de lixos.”


Nesse sentido, o Rata de Brechó tem roupas e acessórios de grifes atemporais, que segue a proposta da moda sustentável e do consumo consciente. Segundo a proprietária Aline Azevedo, o espaço tem 8 anos e ganhou força e repercussão na internet durante a pandemia. Ela conta que o perfil do brechó no Instagram serve como vitrine para as clientes, que escolhem os modelos e fazem o pedido via internet.


Nesse período de pandemia, Aline percebeu que o perfil das consumidoras mudou. Cresceu a procura por peças seminovas e a motivação pode ser econômica e também pela questão sustentável.


Essa tendência de consumo em brechós é uma prática incentivada pelas gerações Y e Z. A Geração Y são os millennials, nascidos entre 1980 e 1995 e a Geração Z são os nascidos entre 1995 e 2010, atualmente com 10 a 25 anos. Essas gerações apresentam uma maior preocupação com os impactos ambientais e consomem produtos que sejam possíveis de serem reutilizados.


Além disso, a crise econômica fez com que o desemprego subisse, aumentando a desigualdade e diminuindo o poder de aquisição econômica. Segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domícilio (Pmad Covid-19) divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, o IBGE, a crise econômica causada pela pandemia já deixou 3,1 milhões de trabalhadores sem emprego. Dado divulgado pelo site Terra em maio desse ano.


Segundo uma pesquisa da CNDL/SPC Brasil, divulgada em outubro de 2019, os brasileiros tem dificuldades de adotar práticas de consumo consciente. Entre as práticas citadas, consumir produtos orgânicos e separar o lixo na hora da reciclagem foram os principais citados pelos entrevistados. Hoje o mundo já consome 30% mais recursos naturais do que a capacidade de renovação da Terra. Para diminuir os impactos é preciso transformar o modo de pensar das pessoas, usando mais consciência e consumindo menos.


Mesmo sendo tendência, a compra em brechós precisa ser feita de maneira segura, para que não dê prejuízo financeiro ao cliente. Isso porque as peças são de segunda mão e por tanto, deve-se ter atenção ao estado da peça no ato da compra.



Foto: Repórter/Unesp


Para o economista Fernando Agra, professor na Universidade Salgado de Oliveiro, a compra de produtos usados deve ser pensada com segurança e preferencialmente “em mãos”, ou seja, vendo o produto presencialmente. Em entrevista por telefone, o profissional afirmou que é preciso entender que é um produto de segunda mão e todo e qualquer defeito na peça deve ser informado no ato da compra ao cliente. Caso isso não ocorra, o cliente tem direito a devolução e ressarcimento do valor gasto. Essa informação pode ser encontrada no artigo 20 do Código do Consumidor.


Outro fator comum de acontecer nesse tipo de venda é a cobrança de um valor muito alto na peça usada. “Claro que fica a critério do cliente, mas ele precisa levar em conta que por aquele valor cobrado ele consegue comprar o mesmo, porém novo. Então, acaba ficando em desvantagem.”


Como esses estabelecimentos não costumam possuir estoques do mesmo modelo de roupa e calçado, é preciso estar atento para que não haja enganos, segundo o especialista. É preciso estar atento também que se tem defeito na peça, que não informado pela loja, a troca pode ser realizada por um outro produto. Caso o fornecedor se recuse a seguir as regras para troca do Código de Defesa do Consumidor, o cliente pode e deve registrar uma reclamação no Procon de sua região para resolver o problema. Em Juiz de Fora, o Procon, que é a Agência de Proteção e Defesa do Consumidor, funciona na Avenida Itamar Franco, número 992, no bairro São Mateus. O telefone para contato em caso de dúvidas é o 36907610.


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