Como o país que já foi a 6ª maior economia do mundo teve todo seu desempenho afetado por um governo que negligenciou a Ciência no momento mais crítico do século?
Considerado o país que fez a pior gestão do mundo na pandemia, segundo estudo realizado em janeiro pelo Instituto Lowy na Austrália, o Brasil vem colecionando críticas ao governo Bolsonaro desde o início da situação, em março de 2020. Hoje, sendo responsável por um terço das mortes por Covid-19 no mundo, cerca de 578 mil vidas perdidas, apresenta vacinação lenta e uma nova variante ainda mais transmissível em circulação. Mas como um país em desenvolvimento, que obtinha recursos econômicos e estruturais para combater o novo vírus, apresentou uma performance tão devastadora?
O menosprezo pela doença, os gastos exacerbados com medicamentos ineficazes, a defesa por tratamento precoce, a recusa por compra de vacinas e a troca consecutiva de ministros da saúde são alguns dos pontos que nos levam ao cenário caótico que encontramos hoje. Segundo dados fornecidos à CPI da Pandemia pela vice-diretora da Anistia Internacional Brasil e representante do Movimento Alerta, Jurema Werneck, e pelo epidemiologista Pedro Hallal (estudo Epicovid), se o país tivesse aderido a medidas eficientes de combate contra a pandemia do Covid 19, o potencial de transmissão do vírus reduziria em 40% no Brasil, país que tem o pior resultado em comparação aos 10 países mais populosos do mundo. Os estudos apresentados pelos pesquisadores ainda indicaram a falta de estratégia do Governo como o maior agravante da pandemia e chegaram a apontar que cerca de 305 mil mortes poderiam ter sido evitadas em suas primeiras 52 semanas e mais 95,5 mil vidas teriam sido poupadas caso as vacinas fossem compradas com antecedência.
O Ministério da Saúde utilizou menos de um terço do orçamento total destinado ao enfrentamento da pandemia, segundo dados de 2020 divulgados pelo Tribunal de Contas da União. Entre os gastos do Governo com o “Kit Covid” para tratamento precoce ineficaz e a superfaturamento na compra de Cloroquina, 5,9 milhões de doses dos imunizantes poderiam ter sido compradas (Jornal Metrópoles). A má gestão dos recursos públicos fez inclusive com que o país deixasse a lista das dez maiores economias do mundo, caindo para a décima segunda posição.
A influência da má gestão da pandemia no desemprego da população brasileira
A taxa de desemprego é mais um dado alarmante fruto da crise sanitária que vivemos. A imposição de medidas pelos governos estaduais a fim de evitar aglomerações e promover o distanciamento social fez com que milhões de pessoas ficassem impossibilitadas de exercerem seus trabalhos, o que acontece desde março de 2020 e ainda hoje perdura, em um cenário que não tem condições de retornar ao fluxo anterior, considerado normal.
O Brasil atingiu o recorde de 14,8 milhões de desempregados, o que se aproxima a 10% da população. De acordo com o IBGE, essa foi a segunda maior taxa de desemprego da série histórica, iniciada em 2012. Em comparação com os meses de março, abril e maio de 2020, o número de desempregados aumentou em 2 milhões de pessoas, tendo sido perdidas 1,3 milhão de carteiras assinadas em apenas 1 ano. Enquanto isso, no setor privado houve o crescimento de 586 mil pessoas trabalhando em condições desfavoráveis: sem carteira de trabalho assinada.
As perspectivas das eleições presidenciais pós pandemia no Brasil
Em pesquisa realizada pelo Datafolha, nos dias 7 e 8 de julho deste ano, o governo Bolsonaro apresentou 51% de rejeição, com pessoas que consideram o governo “ruim” ou "péssimo''. O apoio ao presidente manteve-se em 24%. Já o percentual de pessoas que consideravam o governo regular caiu de 30% para 24%, diferença que justifica o aumento de rejeição. O levantamento ouviu, presencialmente, 2.074 pessoas em 146 municípios. A margem de erro é de 2 pontos percentuais para mais ou para menos.
O presidente chegou a afirmar, em agosto de 2020, que o Brasil foi o país que melhor combateu a pandemia no mundo, quando na verdade ocupava o segundo lugar em mortes por covid comparado aos demais países. Entretanto, não é isso o que dizem os dados oficiais da doença no país. “Começa a notar que lá atrás [início da pandemia], o governo estava certo, e falo o governo como um todo, enquanto se fechava tudo no Brasil nós não paramos“, disse o presidente Jair Bolsonaro.
As eleições gerais estão programadas para serem realizadas no Brasil em 2 de outubro de 2022 para eleger o Presidente, o Vice-Presidente e o Congresso Nacional.
Matéria produzida por Camila Banhatto, Camila Carvalho, Isabela Carpinski, Lívia Cecon, Sthefany Paiva e Tomás Pereira, alunos do curso de Jornalismo da Faculdade de Comunicação da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), para a disciplina de Jornalismo Digital, sob supervisão da professora Ana Maria Vieira Monteiro.
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