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Raí de Castro e Isabella Sobral

A saúde mental de idosos durante a pandemia do Covid-19

O distanciamento social e a quarentena impostos durante a pandemia do Covid-19 têm trazido repercussões sérias no campo da saúde física e mental. O chamado “novo normal” alterou as condições sociais e de rotina de maior parte da população mundial, visto que agora o estudo, o trabalho, os encontros com amigos e família são feitos virtualmente.

Mas, nessa população, sofrem principalmente os idosos. Antes, eles haviam conquistado independência, autonomia e um certo protagonismo na sociedade. Agora, durante a pandemia, pessoas de mais idade são orientadas justamente ao contrário, por pertencerem ao grupo de maior risco em relação ao coronavírus.

Terezinha Silva, de 73 anos, conta sobre as mudanças que afetaram sua rotina desde o início da quarentena, em 2020: “Eu tinha uma rotina mais ou menos movimentada. Saía pra fazer compras, ir ao banco e visitar familiares. Meu dia a dia mudou completamente. Parei de sair e de receber visitas. Há quase um ano não saio de casa. Quando saio, é pra ir em alguma consulta [médica].”

Além dos problemas de saúde física naturais da população idosa, é muito importante se atentar também às doenças de ordem mental, como a depressão e a ansiedade. Nesses tempos onde há incerteza sobre o futuro, mudanças repentinas no dia a dia e falta de contato físico com as pessoas, tais doenças ocorrem muito mais frequentemente. A psicóloga Elizabeth Barbosa nos ajuda a entender a mente do idoso durante o distanciamento: “A situação de pandemia que estamos enfrentando desde o início do ano passado impôs a nós uma alteração na nossa rotina de vida em vários campos. No social, educacional, econômico, relacional, enfim, várias áreas. As pessoas reagiram a

isso de várias formas distintas, mas a maioria delas mostrou também um

comprometimento da saúde mental. Se a gente for falar dos idosos, que geralmente já são uma parcela da sociedade que não tem seus direitos assegurados e garantidos, a gente aumenta e agrava essa probabilidade de impacto. Por isso, é importante estarmos atentos às comorbidades que eles têm, pois essas situações que, para uma pessoa mais jovem podem passar despercebidas, pro idoso pode significar o estímulo que vai ‘startar’ uma crise mental.”

Ela ainda dá dicas de como as pessoas mais jovens podem cuidar e observar esses idosos, os auxiliando a ter uma melhor qualidade de vida: “Um dos primeiros passos é não tratar essas pessoas mais idosas como invisíveis ou inúteis. É importante também que a gente não pratique nenhum tipo de violência, seja ela psicológica, com negligência no tratamento, com abusos financeiros e econômicos, enfim, não interessa o campo. É indispensável que possamos facilitar o acesso a medidas preventivas e protetivas com relação à saúde num modo geral, inclusive na saúde mental. Existem algumas políticas assim, poucas, mas já existem, e às vezes elas não são conhecidas, e muito menos cumpridas. Uma outra dica é a famosa empatia. Vamos nos colocar no

lugar do outro e fazer ao outro o que gostaríamos que fizessem a nós. Essa também é uma forma de prevenção, é um cuidado bastante interessante. Simples, prático e muito efetivo. Na pior das hipóteses, fica a nossa orientação para que vocês denunciem possíveis violações de direitos dos idosos. Isso pode ser feito através de denúncia anônima pelo disque 100 ou pelo e-mail do Ministério Público.”

O geriatra Vagner dos Santos reforça essa necessidade de os idosos ficarem em casa, mas salienta que nos tornarmos alheios a eles também não é saudável: “O idoso que está em casa e não está doente não precisa ficar em isolamento. Ele tem que ficar em distanciamento social. Ele pode ter interação social com familiares, só deve evitar sair de casa, grandes aglomerações, se colocar em contato com muitas pessoas, mas isso não significa que ele não pode ter contato, porque vai fazer falta, e ele vai acabar querendo sair de casa. Então a gente tem que encontrar esse meio-termo”.

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