Juiz de Fora sempre foi reconhecida por seu pioneirismo industrial, mas para aqueles que moram aqui, outra coisa também é bastante marcante na cidade: a cultura. De acordo com Christina Musse, professora da Faculdade de Comunicação da Universidade Federal de Juiz de Fora, não é possível entender a vida cultural da cidade sem passar pela história das idas ao cinema. Na cidade ao todo, desde a primeira projeção cinematográfica em 1897, somam-se aproximadamente 40 cinemas, entre os localizados em shoppings e os cinemas de rua, que representam a maioria.
UMA BREVE HISTÓRIA
No início, os cinemas de rua eram quase como espetáculos circenses; grupos que tinham os projetores vinham para a cidade junto com outras atrações e, num teatro na rua Halfeld, alugavam o espaço para a exibição dos filmes. Por volta dos anos 40 e 50, as experiências mambembes passaram aos poucos a dar lugar a cine teatros e cinemas com características mais contemporâneas que exibiam grandes romances hollywoodianos e cinejornais que contavam sobre a Segunda Guerra Mundial.
Eles que variavam dos pequenos e artesanais cinemas de bairro até os grandes cinemas do centro, com bombonieres e arquitetura arrojada, em especial os localizados na Halfeld, a “cinelândia” juiz forana, já chegaram a ser quinze funcionando simultaneamente em Juiz de Fora. Quer pela especulação imobiliária, quer pelos novos hábitos e possibilidades de acesso a filmes, nas ruas de Juiz de Fora já não existem mais os cinemas de rua, o que não significa que não sejam lembrados.
O RESGATE DAS MEMÓRIAS
O Cinemas de Rua de Juiz de Fora é um projeto do grupo de Pesquisa Comunicação, Cidade e Memória da Faculdade de Comunicação da UFJF liderado por Christina Musse e Theresa Medeiros e que tem como um de seus principais veículos o documentário que carrega o mesmo nome e que, através de entrevistas com pesquisadores e principalmente com ex trabalhadores e ex frequentadores, conta a história de cada um dos cinemas de rua da cidade.
Para Christina Musse, trabalhar com as memórias é essencial para que nós entendamos o momento em que vivemos hoje e através da documentação da história oral e dos depoimentos de pessoas que ainda estão vivas é que nós podemos entender como eram as particularidades dessas pessoas, por exemplo como e com quem elas iam ao cinema, o que elas assistiam ou o por quê iam ao cinema. "Isso é um trabalho fantástico, interessantíssimo, que nos revela muitas das facetas da ocupação do espaço público da cidade de Juiz de Fora, então eu acredito que (...) as memórias sobrevivem com as pessoas e o trabalho de coletar essas memórias através de depoimentos tem sido essencial para reconstruir essa história." reforça Musse.
O documentário conta com nove episódios, que estão disponíveis no Canal Cinemas de Rua de Juiz de Fora.
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